O Flamengo passou por cima do Fluminense. Entendeu o espírito do Fla-Flu, a necessidade de vencer, o momento decisivo. Correu mais, gritou mais, vibrou mais. Todas as divididas eram rubro-negras. Idem para toda e qualquer segunda bola. Cuca, suspenso, em cima, e Cuquinha, elétrico, no gramado, decifraram o jogo melhor que Parreira, atônito diante da melancolia que seu time apresentava. Vou além: no domingo da semifinal carioca, o Flamengo jogou tão bem quanto o Botafogo na véspera. E “só” ganhou de 1 a 0 de um Fluminense que foi ainda pior que o Vasco, goleado por 4 a 0 pelos alvinegros. Enfim, mais uma bela tarde no Maracanã (68.313 torcedores) e de novo o óbvio se impôs: venceu quem mostrou, quis e jogou mais. Por isso, Botafogo e Flamengo decidirão o título estadual pelo terceiro ano consecutivo.
Na verdade, primeiro decidirão o título da Taça Rio. Se o Botafogo vencer será declarado campeão estadual, pois já conquistou o primeiro turno. Se perder, os dois decidirão o campeonato na já tradicional final em dois jogos. Trata-se do confronto entre um time que foi muito regular durante toda competição (o Botafogo) e o outro que resolveu crescer e atropelar na reta final (o Flamengo). Enquanto isso, Roberto Horcades, o falante presidente do Fluminense, deve se auto-indagar a respeito de sua provocação gratuita aos rubro-negros durante a semana. Teria servido para motivar os rivais ou para desarmar seus jogadores? Boa questão. Cabem as duas respostas.
O clássico? Hoje foi o jogo do Fla. Que começou a vencê-lo no vestiário, quando Cuca e Cuquinha recuaram Leonardo Moura para a lateral e aumentaram a força de marcação no meio. O Flu só olhou. Desde o início, a pressão e o domínio rubro-negro eram constrangedores. Logo no início, Leonardo Moura cabeceou para fora, com o gol vazio. Ibson, também de cabeça, exigiu que FH se virasse. O predomínio seguiu. O Fluminense marcava mal demais. Dava espaço. Havia um buraco no meio de campo e uma distância quilométrica dos seus laterais no combate - Mariano, principalmente. Até que Juan arriscou de fora da área, aos 31 minutos. E Fernando Henrique falhou feio: 1 a 0. Ainda havia espaço para uma cabeçada perigosa de Luis Alberto, uma cobrança de falta de Thiago Neves na trave e, mais impressionante lance do primeiro tempo, um gol perdido por Josiel quando FH estava batido. Sem goleiro, ele concluiu em cima de Edcarlos, por sinal, péssimo.
Parreira voltou com Marquinhos no lugar do inoperante Wellington Monteiro. O Fluminense esboçou uma reação, mas logo tudo voltou ao normal. O Flamengo ganhando todas as jogadas e se fartando de ter espaços e perder gols em pencas. A bola mal chegava para Fred, Thiago Neves, Conca e Everton Santos. E, quando chegava, não tinha qualidade. Era impossível o Flamengo perder hoje. O clássico foi rubro-negro. O Fluminense só entrou com o nome. E, com certeza, perdeu de pouco pelo banho de bola que tomou, em plena tarde dominical de outono.
Flamengo: Diego, Fábio Luciano, Aírton (Welinton) e Ronaldo Angelim; Leonardo Moura, Willians, Ibson, Kleberson e Juan; Zé Roberto (Everton) e Josiel (Emerson). Técnico: Cuca & Cuquinha.
Fluminense:Fernando Henrique, Mariano (Alan), Edcarlos, Luiz Alberto e Leandro; Wellington Monteiro (Marquinho), Jaílton, Conca e Thiago Neves; Everton Santos (Maicon) e Fred. Técnico: Carlos Alberto Parreira.