Morreu nesta sexta-feira aos 83 anos, em Detroit, nos EUA, o médico patologista defensor do suicídio assistido Jack Kevorkian, conhecido como Doutor Morte. Segundo Mayer Morganroth, seu amigo próximo, Kevorkian estava doente há pouco tempo. Responsável por ajudar cerca de 130 pessoas a se suicidarem nos anos 1990 - pelo que acabou sendo preso -, ele morreu Ã*s 2h30 após ser levado para o Hospital William Beaumont, em Michigan, no mês passado, com pneumonia e problemas renais, segundo seu amigo.
A causa da morte ainda não foi determinada, mas Morganroth disse que provavelmente será trombose pulmonar. Ele contou ainda que enfermeiras no hospital tocaram música clássica de Bach para Kevorkian antes de sua morte.
- Eu o vi antes e ele estava consciente - afirmou o amigo e advogado, acrescentando que os dois conversaram sobre a possível saída de Kevorkian do hospital e planejaram o início de sua recuperação.
Kevorkian foi libertado de uma prisão em Michigan em 2007 após cumprir 8 anos de uma sentença de 10 a 25 anos por assassinato em segundo grau, devido aos suicídios assistidos. Seus advogados dizer que ele sofria com hepatite C, diabetes e outros problemas de saúde. O médico teria prometido em depoimentos que não assistiria outros suicídios se fosse solto.
Em 2008, o "Doutor Morte" concorreu a uma vaga no Congresso americano, como candidato independente. Recebeu apenas 2,7% dos votos no subúrbio de Detroit. Para ele, a experiência mostrou que o sistema partidário americano é "corrupto" e "tem de ser completamente reformado".
A vida de Kevorkian foi retratada em um filme da HBO em 2010 ("You Don't Know Jack"), que rendeu a Al Pacino o Emmy e o Globo de Ouro por sua atuação como "Doutor Morte". O ator homenageou o personagem ao receber o primeiro prêmio, dizendo que foi um prazer "tentar representar alguém tão brilhante, interessante, e único".
Na época, Kevorkian afirmou que gostou do filme e da atenção que ele despertou, mas disse duvidar que ele inspirasse ações de uma nova geração de defensores do suicídio assistido.

- Você vai ouvir as pessoas dizerem: 'Bem, está nas notícias outra vez, é hora de discutir a questão'.Não é. Tem sido discutido até a morte - disse ele. - Não há nada novo a dizer sobre isso. É uma prática médica ética e legítima, assim como era em Roma e na Grécia antiga.
Kevorkian se tornou conhecido em 1990, quando usou o aparato caseiro chamado de "máquina do suicídio" para injetar drogas letais em um paciente de Alzheimer que pediu sua ajuda para morrer. Por quase oito anos, ele conseguiu evitar que autoridades o impedissem de continuar agindo.
Ele foi absolvido em três dos primeiros processos que enfrentou. Michigan não tinha então uma lei contrária ao suicídio assistido, que foi criada depois em resposta Ã* atuação de Kevorkian. Ele também foi destituído de seu registro como médico.
O patologista considerava os promotores nazistas, comparava-se a Martin Luther King e a Gandhi, e dizia que seus críticos eram fanáticos religiosos. Os pacientes que morreram com sua ajuda sofriam de câncer, doença de Lou Gehrig (esclerose lateral amiotrófica), escleroses e paralisias.


Fonte: globo.com