Edson e Hudson: teríamos morrido se não houvesse a separação

O hiato de quase dois anos da dupla Edson e Hudson, iniciado em janeiro de 2010, teve um bom motivo para ocorrer. Convidadados do Terra Live Music desta quinta-feira (14), os sertanejos afirmaram que não tiveram opção a não ser se separarem por um período de tempo, afinal estava se tornando insuportável a convivência diária em viagens, gravações e shows.

"Eu nunca deixei de amar meu irmão, mas se não tivéssemos dado esse tempo, teríamos morrido. O tempo nosso não é o tempo de Deus", disse Edson durante a entrevista concedida Ã* apresentadora Lorena Calábria nos estúdios do Terra. "A gente até se falava ainda durante o recesso, de 15 em 15 dias. Mas, quando você passa por uns problemas, acaba sendo difícil a convivência."
O recesso da dupla foi anunciado em 2008, após quase 25 anos de atividades ininterruptas, e foi sucedido por uma turnê batizada de Despedida, que aparentava cravar o fim de sua carreira. Nesse espaço de tempo, ambos partiram para carreiras independentes, sem grande repercussão.
"A gente trabalhava demais. Hoje ainda trabalhamos bastante, mas sem aquela 'pilha' toda", explicou o guitarrista Hudson, que lançou dois discos mais instrumentais no período - Turbination, ao lado dos músicos da banda de hard rock Dr. Sin, e Hudson Cadorini e Banda Rollemax: O Massacre da Guitarra Elétrica. "Tanto trabalho afetou nosso psicológico, começamos a exagerar na bebida, e aí ficou muito ruim de continuar."
Além da longa convivência entre irmãos e da dura rotina de shows, mais de 20 mensais, a dupla deu a entender que também sofreu com problemas relacionados Ã*s pessoas que cuidavam de suas carreiras. "Na época, não existia isso que chamamos de diálogo. E aí ficou tudo unilateral, não estava funcionando. Precisávamos de uma paz."
Mas o retorno aos palcos quase dois anos depois da despedida veio acompanhado por um grande temor por parte da dupla. Isso porque, nos últimos anos, uma enorme leva de novos artistas sertanejos foi surgindo, o que trouxe aos dois uma insegurança em relação Ã* recepção do público com a volta. "Não sabíamos o que ia acontecer. Apareceu tanta gente boa, como Jorge e Mateus, Victor e Leo, e no Brasil existe essa coisa de as pessoas esquecerem muito rápido dos artistas", explicou Hudson.
"Mas os fãs nos receberam com tanto carinho na nossa volta, que nem acreditamos. Parece até que eles sabiam que tinha acontecido algo de errado. Os fãs não nos abandonaram, apoiaram muito e acabaram nos dando a segurança que nos era tão necessária", comemorou. "Eu briguei bastante com o Edson. Mas quando a gente está passando por um problema, é Deus te testando. E, quando você o atravessa, se fortalece. Atire um pedregulho que você vai receber um paralelepípedo de volta."

Destinados Ã* música

A entrada de Edson e Hudson ao mundo da música se deu cedo, quando iniciaram uma dupla juntos aos 5, 7 anos de idade. "A gente foi meio forçado a cantar", contou Edson. "Nascemos com o dom da música e nosso pai viu isso como um futuro para a gente. Quando estávamos na 5ª série, chegamos para ele e falamos, 'ô, pai. você não quer que a gente cante? Mas e a escola?", e ele respondeu: 'larga logo essa m****.'"
A pressão por terem que iniciar uma carreira tão novos, no entanto, acabou não sendo um tanto complicada. Com menos de 10 anos de idade, o sustento da casa de sua família era quase totalmente sob responsabilidade deles e as horas de lazer, tão caras a crianças, acabaram ficando legadas a segundo plano.
"A gente sofreu com essa responsabilidade. Nosso pai pilhava demais. Qualquer lugar que tivesse, a gente estava se apresentando: posto de gasolina, banheiro e até em uns meretrícios", disse Hudson.
A grande chance
Tudo mudou quando o filho de Raul Gil, Raulzinho, descobriu o talento dos dois. Foi ele quem, em 1994, os levou Ã* cidade de Nashville, nos EUA, onde tiveram a oportunidade de conhecer músicos de country responsáveis por inspirá-los em suas composições. O primeiro disco, com o nome da dupla, foi lançado no ano seguinte. "Se não fosse por ele, não seríamos nada. Em relação Ã*s roupas, Ã* música, tudo. Trouxemos de lá a experiência e, graças a Deus, nascemos com a habilidade musical para usá-la a nosso favor", exaltou Edson.
A pegada mais rock´n´roll, com solos de guitarra e vocais mais técnicos, também foi uma característica que ajudou a impulsionar a carreira da dupla. Com influências tanto de grandes nomes da música sertaneja quanto de bandas pesadas, como o Guns N´ Roses, Edson e Hudson se veem hoje como a "primeira dupla que realmente se expressou como músicos no Brasil". "O sertanejo nosso é isso aí mesmo. Qualquer estilo que formos tocar terá nossa própria cara. Se tiver que gravar valsa, gravaremos até isso acontecer, porque somos uma grande mistura de estilos."
O retorno da dupla, anunciado em setembro do ano passado, no programa Tudo é Possível, da TV Record, vem acompanhado por algumas novidades. Além de uma turnê pelos quatro cantos do Brasil, Edson e Hudson lançam, em agosto ou setembro, um novo DVD, Faça Um Circo Pra Você - Ao Vivo, gravado em um circo na cidade de São Paulo, que traz clássicos de sua carreira e algumas canções inéditas.
"As imagens são fantásticas. É a coisa mais linda do planeta", exaltou Edson, cada vez mais atuante no mercado agora que empresaria os sertanejos Marcos e Douglas. "É uma dupla maravilhosa!"

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