'Fire Emblem: Awakening' é game de estratégia em turnos para o 3DS.
Alta dificuldade da série foi mantida no novo título do portátil.





Por muito tempo, os fãs de games de estratégia tiveram motivos de sobra para reclamar dos poucos jogos do tipo nos consoles de mesa e nos portáteis. Afinal, fora dos PCs o gênero tem como obstáculo a perda da agilidade e precisão que só o conjunto mouse e teclado oferece.

No entanto, em 2012, "XCom: Enemy Unknown" espantou a urucubaca e conseguiu trazer um ótimo jogo do tipo com bons controles para Xbox 360 e PlayStation 3. Agora, em 2013, "Fire Emblem: Awakening" chega ao Nintendo 3DS com esta mesma qualidade, ainda mais estratégico e com uma nova dose muito bem vinda de disputas táticas.

Um é pouco, dois é ótimo
A série "Fire Emblem" existe há bastante tempo no Japão, mas só chegou ao Ocidente em 2002 no Game Boy Advance, antigo portátil da Nintendo. De lá para cá, a série se aventurou uma segunda vez no GBA e foi seguida de versões para GameCube e Wii.
Neste tipo de game, o esquema de jogo é similar ao de uma partida de xadrez: o jogador tem uma série de unidades em um tabuleiro e, enquanto alterna turnos de ações com o adversário, precisa cumprir o objetivo de cada fase – seja ele eliminar todos os inimigos, um oponente em específico etc.
Nas batalhas são levadas em consideração as características de cada personagem (tal qual um RPG), das armas utilizadas e o tipo de terreno – uma luta de estatísticas na qual o jogador se mantém como observador. A grande diferença de "Awakening" para seus predecessores é a possibilidade de juntar duas unidades em um só ponto do mapa, o que melhora os atributos de cada um e, em certas ocasiões, faz com que eles ataquem em dupla.
Esse recurso acrescenta um nível de estratégia inteiramente inédito a "Fire Emblem". Com isso, escolhas são apresentadas: é melhor juntar um soldado mais forte, mas em compensação mais lento, a uma unidade veloz para poder percorrer um longo trecho do mapa em menos turnos e destruir o chefe do time inimigo, ou usá-lo para defender o clérigo, que tem poucos pontos de vida e é responsável por curar seus aliados, prestes a ser atacado por um de meus oponentes?
Estas pequenas decisões permeiam todos os momentos do jogo e facilmente alteram os rumos de uma batalha, seja revertendo uma situação considerada perdida, ou derrubando uma estratégia de luta até então perfeita. As possibilidades táticas são inúmeras, e dominá-las é uma das partes mais gratificantes de "Awakening".


Para além dos campos de batalha


E por falar em vitória e derrota, quem jogou os outros "Fire Emblem" sabe que a busca pela sobrevivência de sua tropa é a quintessência da série. Isso porque a perda de todos os pontos de vida de uma unidade a elimina para sempre do jogo.
Em "Awakening", a inclusão de um modo "Casual" permite que os soldados derrotados retornem ao escalão após o fim dos combates. Essa possibilidade incentiva os novatos na série a ousar e a aprender na base do erro o que funciona e o que não funciona no jogo. Mas isso deve ser apenas um preparativo para o modo "Classic", verdadeiro atrativo do game.
Fossem os personagens todos genéricos e/ou fáceis de serem substituídos, as mortes permanentes de "Fire Emblem" não seriam um empecilho. Porém, cada unidade de "Awakening" (e dos outros títulos da série) é única, com atributos e habilidades particulares. Até a aparência de cada componente do seu exército é individual.
A empatia com os heróis e heroínas do jogo se constrói muito rapidamente, e a ameaça persistente de perder para sempre o personagem engraçadinho ou aquela montaria tão útil exige que os jogadores botem o cérebro para funcionar e planejem com extrema cautela cada movimento de suas unidades.

A combinação do modo "Classic" com os níveis de dificuldade mais elevados (são cinco no total) proporciona batalhas complicadas e que precisam ser muito bem calculadas pelo jogador. Do contrário, independentemente de qualquer carinho pelos soldados, você perderá muitas unidades, e seu exército rapidamente ficará sem membros suficientes.
Outra novidade que não deve passar batida é a possibilidade inédita de poder criar a sua representação virtual em um "Fire Emblem". Apesar das opções de personalização não serem vastas, dá para conceber um avatar seu com um visual único. Só é uma pena não poder personalizar também a classe da sua personagem, que começa o jogo como estrategista do exército de Chrom, um dos protagonistas.



História e visual
A trama de "Awakening" não é muito diferente dos jogos anteriores e oferece um pacotão fantasioso com complôs para assassinar líderes políticos, conflitos entre reinos vizinhos, intrigas militares, mercenários etc.
Os gráficos são bons e evoluem na direção contrária da aparência cartunesca da última versão da série, feita para o Wii. Vale destacar os modelos tridimensionais das unidades, vistos durante as batalhas, e o belo trabalho na desenvoltura das animações de cada golpe. Fica apenas o puxão de orelha para a Intelligent Systems no que diz respeito aos pés dos personagens: eles simplesmente não existem.


Ao vencedor, as batatas
Se você ainda está em dúvida sobre comprar um 3DS, esse pode ser o jogo que irá resolver o seu dilema. "Awakening" traz a dificuldade típica da série "Fire Emblem" embalada por uma camada inteiramente inédita de possibilidades estratégicas graças Ã* possibilidade de juntar unidades em duplas.

Simultaneamente, a inclusão do modo "Casual" permite que os novatos se inteirem dos meandros do jogo sem grandes prejuízos.
Além disso, a criação de um personagem próprio estreita os laços do jogador com a trama do game, ainda mais após a sequência de abertura do game – uma premonição instigante e reveladora.
No fim das contas, "Fire Emblem: Awakening" é tanto um ótimo ponto de partida para iniciantes quanto um prato principal para os estrategistas de sofá ansiosos por mais e mais jogos do tipo. Compra certa, em ambos os casos.

'Fire Emblem: Awakening'
Plataforma: Nintendo 3DS
Produção: Nintendo
Desenvolvimento: Intelligent Systems e Red Entertainment
Jogadores: 1 jogador
Gênero: estratégia em turnos
Preço sugerido: R$ 150
Classificação indicativa: não

Prós:modelos tridimensionais, duplas de unidades, nova camada de estratégia, possibilidade de criar seu personagem e modo casual ajuda novatos a se ambientar no jogo.

Contras:não poder escolher a classe do seu personagem.


Fonte:http://g1.globo.com/tecnologia/games...trategico.html