Há ainda outra pessoa ferida no hospital. Ministério Público vinha tentando, desde 2011, embargar a obra, que agora foi interditada pela Defesa Civil

O desabamento de três vigas na obra da Arena Palestra, na zona Oeste de São Paulo, na manhã desta segunda-feira, deixou uma pessoa morta e outra ferida, que foi levada com ferimentos leves para a Santa Casa de Misericórdia de São Paulo.
O acidente ocorreu pouco depois das 11h, no setor onde a nova arquibancada seria erguida sobre a estrutura da antiga, na área em frente Ã* Avenida Francisco Matarazzo. Marco Aurelio Batista, delegado do 23º DP, foi ao local e disse que um inquérito policial já foi aberto para apurar o acidente. Ainda segundo ele, uma empresa terceirizada cuidava da obra no setor afetado.
A vítima se chama Carlos de Jesus, tinha 34 anos. O corpo do operário ficou por quase quatro horas debaixo de uma viga de três toneladas, removida apenas com o auxílio de um guindaste.
Pelo menos cinco pessoas trabalhavam na área afetada. O operário levado para a Santa Casa se chama Crispiniano Santos. Ele teve uma contusão no ombro e escoriações na região lombar.
- Foi um efeito dominó. Quando uma viga caiu, outras começaram a cair. As pessoas que trabalhavam no local conseguiram fugir, menos essa que faleceu - relatou o médico Maurício Minari, do Corpo de Bombeiros.
Chorando muito, um operário deu entrevistas dizendo que o acidente ocorreu enquanto parte dos trabalhadores ouvia uma palestra sobre segurança no trabalho. Rogério Pereira dos Santos se disse amigo de Carlos de Jesus.




A WTorre, empresa responsável pela obra, se pronunciou por volta das 13h:
"A WTorre Engenharia e Construção S/A lamenta informar que na manhã desta segunda-feira um acidente nas instalações da Nova Arena Palmeiras causou a morte de um operário vinculado a uma das empresas prestadoras de serviço no empreendimento. Na oportunidade, um outro trabalhador teve escoriações leves e está sob cuidados médicos. A WTorre Engenharia e Construção S/A já colocou Ã* disposição dos familiares das vítimas todo a assistência necessária. As causas do acidente estão sob investigação, e ainda não é possível apontar os motivos da ocorrência. Tão logo tenha informações mais detalhadas sobre o fato, a WTorre Engenharia e Construção S/A vai torná-las disponíveis Ã* opinião pública".


Segundo Jair Pacca de Lima, coordenador da Defesa Civil, uma área de 4.800 metros quadrados foi interditada para averiguação do ocorrido. Ele disse que o acidente foi uma "fatalidade", e que o Palmeiras nada tem a ver com o assunto - a WTorre é a responsável pela obra. Os funcionários que chegaram para o turno da tarde foram proibidos de entrar.
O Ministério Público vinha tentando embargar a obra desde 2011, questionando, além de impacto ambiental e no trânsito na região, a utilização de notas frias nos períodos entre 2002 e 2008. O órgão questiona se a obra se trata de uma reforma ou uma construção nova – o atual alvará que o clube possui, de 2002, é de reforma, e por isso não foram demolidas as arquibancadas da entrada da Rua Francisco Matarazzo, local do acidente.



Há exatamente um ano, com o local "limpo", iniciou-se a construção da nova casa alviverde, que terá capacidade para 45 mil torcedores em dias de jogos. Hoje, o local encontra-se com 63% das obras concluídas, restando apenas a colocação das arquibancadas em cima do pedaço mantido do antigo estádio - e foi justamente ali o local do desabamento. A construção por cima do trecho antigo foi uma exigência da Prefeitura de São Paulo, que concedeu alvará apenas de reforma e não de construção de um novo estádio.
A inauguração estava prometida para entre outubro e dezembro deste ano. No entanto, como o processo atual de construção por cima do velho Palestra leva mais tempo do que o esperado, existe a possibilidade de a inauguração ocorrer apenas em 2014, ano do centenário do clube.



Além de sediar os jogos do Verdão, o estádio também funcionará como uma arena multiuso para shows e outros eventos, com capacidade para até 55 mil pessoas. O custo da obra é de R$ 350 milhões. O Palmeiras terá direito a 100% da renda dos jogos e a uma porcentagem de outros espetáculos. Estudos iniciais apontam que o clube, em 30 anos, período do contrato com a WTorre, pode faturar até R$ 2 bilhões com receitas geradas pelo estádio.














Fonte:G1